quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Abrir de novo o baú





Lá longe, terra das pitangas e das mangas,
onde as mulheres sabem a coco,
onde o sol aquece a alma,
onde o cheiro a terra molhada paira no ar,
onde eram de ginguba as barrigas dos aviões e as barrigas dos gordos,
onde o merengue desce pelas veias,
onde crescemos e vivemos.
Ainda se ouvem as nossas palmas no portão dos vizinhos,
ainda bailam as nossas gargalhadas nas ruas,
ainda paira no ar o nosso primeiro e inocente beijo,
ainda estamos nós em pensamento.
Por isso vamos abrir de novo o baú das recordações,
vamos abrir a nossa janela.
Se o fizermos, sem grande esforço, podemos:

Lembrar o mar azul e brilhante,
que embala o coração com o cantar distante.
Recordar o algodão em flor, salpicos d paraíso,
parar de lutar e ouvir os sons felizes do riso.
Aceitar a saudade de um pôr-do-sol colorido,
sentir o aroma das acácias num jardim florido.
Vêr o maximbombo que vai a abarrotar,
e até sonhar com uma Cacilda a dançar.
Lembrar quem se amou e as brincadeiras,
escutar o pregão das velhas kitandeiras.
Brincar com o passado "flitando" o mal que ele nos fez,
usar e abusar do calão, do kimbundo e pretuguês.
Tirar do baú os mata fome, a nossa gente, o cheiro,
as poças de água,o carro do fumo e o imbondeiro.
Assim damos as mãos com um carinho imenso,
voamos rapidamente ate ao amor intenso.

Deixamos a amizade saltar os quintais e de repente,
os nossos sonhos voltam a beijar a nossa vida alegremente




2 comentários:

Letinha disse...

E lembrar o som quente da rebita...
Vestir os panos lindos, feitos de chita...

Pois é Nixa...recordações BOAS não nos faltam...e é isso que faz hoje a diferença...

Não é Saudosismo!
É FELICIDADE!

Letinha

Nixa disse...

Letinha

Por já não ter vestidos de "chita bonita" é que uso panos coloridos como o que tenho na fotografia,descalça e com um pano alegre é que me sinto bem.:)