sábado, 17 de maio de 2008

Continuação dos Contos Era uma vez...

A sombra da vassoura...

Nova aventura



O Tapa Buracos, vivia no Bairro Popular, o bairro mais popular de Luanda e quase tão popular como ele. O pequeno ratinho tinha muitos amigos e apesar ,de por vezes, se irritarem um pouco com a mania de tapar todos os buracos que encontrava todos o achavam divertido, amigo e encantador, principalmente o Papagaio Filipe Filipino, O Cachorro Kalunga e a Osga Diana.
Algumas horas antes da chegada do Faz Buracos, os quatro amigos brincavam às escondidas, a sua brincadeira favorita. O Tapa Buracos era quase sempre descoberto, porque não resistia e aproveitava sempre, para tapar uns buraquitos que encontrava durante a brincadeira, quem ficava satisfeita com isso era a Osga Diana que corria menos do que os outros e por isso só conseguia apanhar o Tapa Buracos. Mas nesse dia tinha decidido não tapar buracos, porque já tinha tomado banho e tinha um aviso bem grande, de olhos bem abertos da mãe, para não se sujar, pois às cinco horas iam buscar o primo à paragem da camioneta. Ele bem tentava imaginar como seria aquele primo que não conhecia mas não conseguia, chegou então à brilhante conclusão que de certeza que o primo não era tão bonito, nem tapava buracos tão bem como ele. Por isso deixou de pensar no primo e procurou um lugar bem escondido para dessa vez não ser encontrado. Correu para um portão, entrou e descobriu uma “mina” de buracos no pequeno quintal, onde tinha pensado procurar um bom esconderijo, ele nem queria acreditar no que via e claro, que rapidamente, o Super Tapa Buracos entrou em acção, como um super herói destemido, tapou todos os buracos que encontrou. Quando tapou o último, respirou fundo, pensando orgulhoso que a sua missão estava cumprida, mas nesse momento, quando viu uma vassoura no ar que corria na sua direcção trazendo mais atrás, quase colada a ela as pernas da D. Zefa, o Tapa Buracos ficou a saber que tapar buracos era tarefa perigosa e correu a toda a velocidade enquanto ouvia as ameaças da D. Zefa gritadas bem perto:
- Malandro, estragaste os buracos que eu tinha feito para plantar as minhas mandiocas! Vem cá! Se te apanho levas com a vassoura!
O pobre Tapa Buracos, fugiu dali com o coração a bater muito depressa, ia tão assustado que até se esqueceu que estava a brincar às escondidas e passou a correr pelo Papagaio Filipe Filipino que voou até ao Embondeiro todo lampeiro, onde bateu três vezes com a asa dizendo o nome do Tapa Buracos e ganhando assim o jogo, uma vez que já tinha descoberto o esconderijo da Osga Diana e o do Cachorro Kalunga.
Depois desta aventura o Tapa Buracos ficou com os pêlos vermelhos, da cor da terra onde tinha tapado os buracos e com os pêlos da cabeça em pé, por causa do susto que tinha apanhado com a vassoura. Foi assim colorido e penteado que foi conhecer o primo que vinha do mato.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Contos era uma vez...


Contos era uma vez…
Homenagem à minha filha Rita, pois foi para adoçar e embalar as suas noites, que estes personagens foram inventados, quando ela tinha apenas dois ou três anos. Nessa época, e durante muitos anos, todas as noites lhe contava uma aventura que inventava durante o dia para contar à noite. Vários personagens e lugares povoaram as suas noites deixando um sorriso lindo no rostinho e nos olhos um brilho de felicidade já misturado com o sono que chegava. Infelizmente não as escrevi e por esse motivo não as guardei, vou tentar escrever de novo, misturando coisas novas com outras que ainda me lembro. Pode ser que um dia as conte aos meus netos.


Na cidade de Luanda, vivia um ratinho que se chamava Tapa Buracos, ele tinha um primo que vivia no mato, perto de uma pequena povoação, o seu nome era Faz Buracos. O Faz Buracos e o Tapa Buracos não se conheciam e tinham vidas completamente diferentes. Enquanto o Faz Buracos nunca estava quieto, ele adorava fazer buracos em qualquer sítio, no chão, na madeira, no plástico e até no queijo, o primo Tapa Buracos tinha uma vida mais calma, detestava buracos e sempre que via algum, sem pensar duas vezes tapava-o logo. Claro que existem buracos que devem continuar a ser buracos e existem sítios e coisas onde um buraco pode ser um perigo enorme. Um dia a mãe do Tapa Buracos convidou o sobrinho para passar umas férias na cidade porque, o sonho do Faz Buracos era conhecer Luanda, um lugar enorme onde ele podia fazer muitos buracos. A mãe do Tapa Buracos achava que a convívio com o Faz Buracos ia fazer bem ao filho, ela tinha a certeza que na brincadeira com o primo o filho se ia esquecer da mania de tapar todos os buracos que via, já a mãe do Faz Buracos pensava a mesma coisa que a irmã mas ao contrário, ela desejava que o filho parasse com a mania de fazer buracos em qualquer lugar.
No dia da partida, o Faz Buracos despediu-se dos amigos Galo Galileu e Galinha Quentinha que diziam adeus mais felizes do que porcos deitados na lama pois durante uns dias podiam estar descansados que o milho não iria cair a toda a hora dentro de buracos feitos a alta velocidade por um rato que queria ser toupeira. O Faz buracos deu um beijo aos pais, entrou na camioneta, disse adeus com um lenço cheio de buracos e partiu em direcção à cidade. Durante toda a viagem fez buracos no chão da camioneta e o perigo que correu foi tal que ao tentar subir para um banco onde ia tentar fazer um super lindo buraco, escorregou e quase caiu na estrada, pelo buraco gigante que tinha feito entre a povoação do Quitexe e a do Quibaxe. Um pouco assustado, ficou sentado durante o resto da viagem. Mas nem tudo foi mau porque viajou de pêlos ao vento chegando assim a Luanda com um penteado novo e ultra-moderno e os passageiros chegaram felizes porque aquela camioneta tinha um super sistema de ventilação o que tornou a viagem mais fresca e por isso mais agradável
.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O cabelo

E sou assim...
Ainda gosto de gatos :)



Esta foi para apresentação de um cabeleireiro das tendências primavera verão para aquele ano, que por acaso não me lembro bem se foi em 1981 ou 1982, só sei que tinha um cabelo enorme e fiquei com o pobre cabelo deste tamanho, para desgosto do meu pai. Agora como já mostrei algumas fases da minha vida e da minha curta carreira de modelo. Vou terminar aqui.
O frio era mm muito :)

Trabalho de modelo a quanto obrigas...outubro de noite e molhada na praia...

primeiro anúncio...


17 anos vividos em Cascais
16 anos com transferência já feita para Lisboa

15 anos de mistérios...


Ao 14 anos com o meu super cabelo e um modelo feito num tecido com desenhos de grãos de café. Com 13 anos o modelito era este e eu era assim.

Saltei para os 10 anos para não vos cansar muito, nesta altura começou outra fase...a tal da adolescência...chegou logo a seguir sem avisar


Faziam-me as vontades porque...

Acho que já entenderam porque motivo o meu cajueiro e os meninos me faziam as vontades ;)
Ao 6 anos não havia dúvidas...

Aqui, com 5 anos pensava a sério na carreira de modelo ;)


Quando era kandengue

Aos 4 anos mascarada de minhota, não estava mal pois não?
Aos 3 anos era assim, uma kandengue feliz


Quando era kandengue era engraçadita, fui feliz, apesar de como diz um amigo meu ainda não saber. Na adolescência a minha vida virou de pernas para o ar e tenho consciência de que apesar de ter alguma graça e até elegância não fui bonita, despertava alguma atenção nos rapazes e até algumas paixões mas beleza, aquela beleza que os homens esperam ver numa mulher sei que não tinha mesmo, mas isso não me fazia falta porque tinha outras coisas que me agradavam a mim e a quem olhava. Hoje, tantos anos depois da primeira foto, continuo a achar que a beleza não vive comigo mas sinto-me bem na minha pele e para dizer a verdade, gosto de mim assim como sou, um pouquinho kota, um pouco diferente da maioria das mulheres da minha idade. Acho que devo isso ao meu lado que veio comigo de Angola e que vive em mim, nos meus pés quase sempre descalços, na minha pulseira na perna, nas missangas que habitam nos meus braços, nos brincos compridos e coloridos que fazem parte das minhas orelhas, nos panos que enrolo à cintura tanto no inverno como no verão, nas tranças que faço no cabelo com contas e elásticos coloridos. Sou assim hoje e gosto.

Dois anos ...


Com dois anos era a rainha dos modelos e modelitos. Não era "Modelo Fátima Lopes nem Ana Salazar" porque ainda andavam na escola :) mas era o modelo da costureira da esquina.

Outras se seguiram...



Com um ano eu era exigente e gira, fazia pose para um anúncio ao brilho nos olhos :)

A minha carreira de modelo


Comecei a minha carreira de modelo com meses apenas, mostro aki a minha fotografia mais sexy :), não vão ver outra igual ;)

domingo, 4 de maio de 2008

Continuação da festa

O nosso bolo (1ª foto)

Eu com o meu amigo Fialho e com a esposa (O Fialho do pequeno conto "As mães dos meus vinhos" (2ª foto)


A Sãozinha Costa Pereira (uma das organizadoras da festa) a cortar o bolo









sábado, 3 de maio de 2008

A festa do meu bairro










1ª Euzinha de "pista de aterragem" na mão :)




2ª Conversa com o Nelo sobre a "Cacilda" :)






3ª Conversando com a Letinha sobre a possivel aterragem do Helder em cima da oliveira :)





















quarta-feira, 30 de abril de 2008

És...



1ªfoto:alegria na relva :)






2ª foto: no baile de finalistas com o melhor amigo





3ª foto: com o amor que sente por mim ao cubo no lado direito e ao cubo no lado esquerdo :)




(mais uma coisa escrita no armário do quarto de banho)


És a princesa mais bela, das mais belas princesas.

És o conto de fadas com a magia perfeita e com o final mais feliz.

És a alegria da primavera e o calor do verão.

És uma estrela cadente a preto quando estás trajada e és uma estrela colorida que dá brilho a quem está por perto.

És um doce quando queres (quase sempre) achas que sou nova e não deixas que me chamem cota.

És a minha filha favorita (apesar de seres a única) e por isso agradeço a Deus por me ter escolhido para tomar conta de ti.

És especial porque desde pequenina que me ensinas que quem acredita vence e quem ama sorri.

É um privilégio ser tua mãe.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Crise negra da vida


24 de Abril de 2008



No meio do barulho da televisão com o som muito alto e do barulho dos clientes que conversavam alegremente, sentei-me sozinha no café. Mal me sentei os meus problemas atacaram com força, ocupando teimosamente os meus pensamentos como se fossem donos e senhores daquele pequeno território. Por instanstes, deixei de ouvir o que se passava dentro do café e acabei perdida no meio de um turbilhão de pensamentos idiotas e de ideias luminosas que na minha opinião, poderiam resolver brilhantemente uma crise negra da vida instalada no meu colo, a mais recente de tantas outras crises negras já passadas. Sentada numa mesa, perto de uma porta castanha fechada, olhei distraída para a rua, pelos vidros retangulares da porta. Lá fora o sol ainda brilhava intensamente, olhando para ele as minhas ideias luminosas foram abandonando a minha cabeça e fiquei ali, quieta com a crise negra ao colo, a olhar o movimento mágico da rua. Os carros andavam uns atrás dos outros muito certinhos como se estivessem todos amarrados por um fio ou como se algum íman os puxasse. Uns iam para lá, outros vinham para cá, uns passavam por baixo e outros passavam por cima. Todos eles levavam gente, alguns com crises negras da vida como a minha, outros com momentos felizes mas dentro dos carros pareciam apenas bonecos, sem vontade própria, sem alegrias sem problemas e até sem sentimentos. Do outro lado da estrada, descobri um jovem com cerca de 16 anos, esse sim parecia ter um problema, com tantos carros que passavam e sem uma passadeira por perto ele não conseguia atravessar a rua. O jovem parecia ansioso e andava quase desesperado de um lado para o outro do passeio à espera de um "furo" no trânsito. O sol batia na sua t'shirt laranja e parecia querer atravessar a rua com ele. Finalmente os carros foram puxados por outro íman, para outras ruas e deixaram livre a rua enorme, como se fosse uma passadeira gigante. Com um sorriso enorme o jovem desceu do passeio e correu na direcção da porta castanha do café. Só nessa altura reparei numa jovem de cabelo dourado que se colou à t'shirt laranja e ao sol que vinha com o dono da t'shirt. Um beijo inocente foi dado e presenciado por mim, pela porta castanha fechada e pelo sol. Mentalmente agradeci aos jovens, à t'shirt, à porta e ao sol que me fizeram sorrir, empurrando a crise negra para fora dos meus pensamentos por uns bons minutos.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Cascais


Mudar para Cascais em Agosto não tornou a minha vida mais fácil nem me fez esquecer o que vivia presente no meu coração mas aumentou o tamanho do céu e do espaço, senti-me menos apertada, mais livre. Além disso descobri em Cascais, no horizonte, enquanto olhava para o mar, o ponto exacto onde Angola começa e isso deu-me uma paz que há muitos meses não sentia, esse ponto permitiu que me sentisse menos longe dos meus amigos e do chão que eu amava. A partir desse dia olhar para aquele ponto de Cascais, ajuda-me em momentos maus, dá-me coragem em dias de desalento e dá-me o bem precioso de acreditar que afinal Angola está tão perto que é possível voltar um dia destes. Mas voltando à minha chegada à zona do mar e do céu mais azul, aqui tudo era diferente da cidade tão fria e triste mas as dificuldades continuavam. O meu pai procurava um trabalho que teimava em não aparecer a minha mãe desesperava porque pensava que já tinha sido enganada na compra da mobília de quarto que nunca mais aparecia e eu que tanto sonhava ter 16 anos continuava perdida e sem amigos. Na rua de S. Bento havia uma loja de móveis que ficava mesmo por baixo da casa onde vivemos depois de chegarmos a Lisboa, antes de virmos para a casa nova a minha mãe comprou uma mobília de quarto para ela e para o meu pai, não comprou para mim porque uma das minhas condições para sair de Luanda com menos “fitas”, foi trazer a minha mobília de quarto, bem tentaram mas não me convenceram a ficar sem ela, para falar verdade eu não me queria separar de nada e Luanda só não veio no bolso ou num caixote porque não cabia. Voltando novamente à mobília de quarto dos meus pais que por não aparecer os obrigou a dormir no chão durante semanas, uma vez que quando a minha mãe telefonava, na loja o telefone tocava mas ninguém atendia. Um dia quando a minha mãe já desesperava e achava que tinha mais azar do que um porco sem lama para se deitar, alguém atendeu o telefone e tudo ficou esclarecido menos a maldade pura e gratuita que tinha levado aquela história tão longe. O que tinha acontecido era inacreditável, o dono da loja tinha combinado com a minha mãe entregar a mobília num determinado dia, que por acaso era o seu último dia de trabalho antes das férias e só não fez a entrega conforme estava combinado porque a sua simpática vizinha do andar de cima a nossa ex-senhoria do quarto alugado e dos baldes em fila no quarto de banho, tinha descido as escadas com grande esforço e abnegação e o tinha informado que a minha mãe lhe tinha ligado para dizer ao senhor das mobílias que não ia estar em casa nesse dia. O senhor fez o que lhe mandaram, foi de férias no dia seguinte e quando regressou ficou à espera que a minha mãe marcasse nova data para a entrega uma vez que nós não tínhamos telefone para ele nos poder telefonar. Assim ficou resolvido o problema da mobília que deixou mais uma marca de mágoa pela forma como nos tratavam. Como o meu pai não arranjava emprego decidiu vender artigos de praia, fios, anéis e brincos e transformou-se em vendedor ambulante, nunca deixando de procurar um emprego que só chegou dois anos depois e que lhe deu a estabilidade financeira que ele tanto desejava e merecia. Eu mudei de escola e fui estudar para o Colégio dos Maristas que nesse ano se tornou uma escola pública e ao contrário da escola anterior nos Maristas, grande parte dos alunos e até dos professores eram retornados e como os rapazes retornados eram lindos cheios de charme, tanto pelo novo vocabulário como pela maneira de andar “merengada” como pela sua maneira de estar muito mais descontraída, acho que as palavras certas para definir os nossos rapazes era, “diferentes em tudo” por isso depressa se tornaram os favoritos das raparigas de cá que tentavam a todo o custo serem nossas amigas tentando até de uma forma um pouco ridícula imitar a nossa maneira de falar usando a nossa gíria, que era muito vasta e que ainda hoje circula por esse Portugal fora, tentando dessa maneira aproximarem-se dos nossos amigos que mais pareciam fruta desejada fora de época, eram devorados pelas miúdas. Nós raparigas também tínhamos uma carrada de fãs mas não lhes achávamos gracinha nenhuma eles eram aquilo que nós em Luanda costumávamos chamar “parolos” mas os nossos meninos deram umas aulas de “bom ar” e ao fim de um ano estavam muito melhor. Aprendi a gostar de Cascais e arredores antes de aprender a gostar de Lisboa, durante muito tempo, Lisboa foi para mim um sítio escuro com pessoas escuras por dentro. Anos depois consegui apreciar a beleza antiga da cidade, o ar romântico do rio e consegui o impensável, sentir orgulho e amor pela história e vida da cidade. Amar Cascais, Lisboa e o meu país não me impede de sonhar nem de sentir que o meu sonho está cada vez mais vivo e firme, um sonho simples mas que se junta à esperança mesmo ao lado da certeza e eu sei que, os três juntos, um dia vão transportar-me até àquele ponto que eu vejo no horizonte e vou chegar a horas de ver o pôr-do-sol, para cumprimentar logo a seguir a lua enorme enquanto me deixo inebriar com o cheiro da minha terra.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Os primeiros dias na Metrópole...aventuras e desventuras



Amarelo...uma das cores que usei só para dar alegria ao céu :)



Três retornadas invisíveis no Parque Eduardo VII

Em 1975, no final de Janeiro, na cidade de Lisboa, comecei a dormir e a acordar todos os dias na Rua de S. Bento, numa casa sombria onde os retornados eram peças a mais na sociedade portuguesa e onde faziam questão de nos lembrar disso constantemente, por gestos, ou palavras ditas de uma forma subtilmente maldosa. Nessa casa, dias depois da nossa chegada foi acolhido um negro que andava a dormir há semanas na rua, não por ele ter fome, sede ou frio mas apenas com o simpático intuito de nos provocarem e de nos fazerem sentir mal. Certo dia estava a minha mãe na cozinha e dizia a dona da casa para o tal rapaz “Pois é Domingos, os brancos andaram lá a explorar-vos e ganharam muito dinheiro à vossa custa”, tive vontade de falar mas devido ao olhar magoado da minha mãe contive-me. Afinal, nós estávamos a morar as duas num quarto alugado por bastante dinheiro, para a época, tínhamos direito apenas a um banho por semana e todos os outros banhos eram pagos à parte, depois dos banhos tínhamos que tirar a água da banheira para dentro de baldes para não se gastar água na sanita, uma questão de poupança que obrigava os hóspedes a trabalharem para o hospedeiro. O tempo que demorávamos no quarto de banho era controlado para saberem se estávamos a tomar um banho sem pagar e a minha mãe já estava informada que quando o meu pai chegasse o preço do quarto aumentava para mais 50% apesar de ficarmos os três no mesmo quarto e de a roupa utilizada nas camas e nos banhos ser nossa. “Então o que era aquilo? Exploração ou outra coisa? Talvez maldade e exploração juntas!” pensava eu revoltada e com vontade de gritar, acabei por deixar o grito na garganta até hoje e fui para o quarto chorar. Mas a vida lá foi correndo por isso matriculei-me no Liceu Maria Amália onde entrei no segundo período escolar e sai no final do ano lectivo sem que as professoras, tivessem conhecimento aparente da minha existência, exceptuando a professora de Francês que um dia perguntou uma coisa na turma, carteira a carteira e como eu fui a única a responder ( na última carteira da sala), passou a olhar para mim com alguma simpatia. As colegas também desconheciam a minha existência por isso só fiz amizade com duas que também eram retornadas como eu, uma tinha vindo de Angola e a outra de Moçambique. Na aula de Ginástica a professora nem chamava pelos nossos nomes para marcar as presenças, motivo pelo qual nunca mexemos um dedo nessa aula, para dizer a verdade essa aula era para nós a aula dos sonhos pois era passada a relembrar os lugares onde tinham ficado os nossos corações. Claro que reprovámos as três com distinção e nem podia ser de outra maneira, quando nos sentíamos invisíveis numa escola, onde os alunos eram mal-educados e os professores pareciam gostar, acho que nós éramos educadas demais e não fazíamos parte daquele grupo escolar. Desde que tinha chegado a Lisboa tudo na minha vida era diferente, sentia-me um pinguim no Brasil mas ao contrário, a minha roupa era fria demais e nem sequer estava na moda, pela forma como todos olhavam para mim com um ar entre agoniado e incrédulo. A grande aventura dos primeiros dias foi ir às compras, nunca pude imaginar que ir às compras pudesse ser uma tortura mas foi. A minha mãe comprou-me um casaco comprido de fazenda e umas botas, dizia ela que isso me fazia falta para ir para a escola. Eu nunca tive “canivetes” sempre tive “pernas”, felizmente e por esse motivo as botas transformaram-se numa tortura, sentia-me presa e parecia que não sabia andar. O casaco era outro problema, tinha dificuldade em levantar os braços e para me segurar nos transportes públicos tinha mesmo que levantar o braço. Com as botas e o casaco mais as camisolas, sentia-me deficiente dos braços e das pernas e  talvez por isso , até hoje não me dou bem com muita roupa nem com botas justas. Havia ainda um drama maior, as cores das roupas, toda a gente andava vestida de preto, cinzento ou castanho e eu só queria, laranja, amarelo, verde ou cor-de-rosa, tudo cores que as lojas não vendiam e pela cara dos vendedores não iriam vender nunca. Comecei a achar que na Metrópole não conheciam bem as cores e que eram as pessoas que faziam o céu ficar tão triste e escuro uma vez que não o alegravam com as cores felizes. Mas um dia mudei para Cascais, o verão chegou, o sol brilhou e brilhou tanto que aqueceu este país, de tal maneira o aqueceu que foi dito por aí, que a culpa de estar tanto calor era dos retornados que tinham trazido o calor com eles.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Como cheguei à Metrópole


O sonho esta guardado no coração




Um dia, li uma frase que dizia “Como saí de Angola” nesse dia, li vários testemunhos que me fizeram chorar e lembrar. Fui obrigada a lembrar o que tinha tentado esquecer mas que na verdade nunca tinha esquecido e no dia seguinte decidi escrever sobre o assunto, para dizer a verdade não sei até hoje se algum dia conseguirei contar grande coisa sobre a minha partida, de forma a que quem ler o que escrevi consiga sentir a dor que eu senti, a revolta que nascia dentro de mim, a tristeza que me acompanhou logo a seguir à decisão dos meus pais mas vou tentar mostrar o que aconteceu. Foi muito triste, eu não queria vir. Era lá que eu vivia era lá que estavam os meus amigos, o meu lar e o meu gato. Mas a minha mãe e o meu pai mostravam-se irredutíveis, pois nesse dia principio de Janeiro de 1975, no início da minha rua dois homens passaram por mim e pela minha mãe e um disse para o outro "estas duas brancas vão ser minhas" depois de vários episódios assustadores contados por quem tinha visto, ou ouvido contar e até um deles passado no nosso bairro com a Bandeira de Portugal, pisada e rasgada em frente à tropa portuguesa que teve que ficar sem reagir o que para os moradores foi muito triste e revoltante, pois ninguem aguenta ver a sua Bandeira maltratada sem poder fazer nada. Coitados dos militares deve ter sido horrível para eles assistirem a uma coisa daquelas e para nós moradores, era uma coisa inacreditável e é também, até hoje, uma recordação que faz doer muito. Se estes incidentes, apesar de serem cada vez mais frequentes ainda deixavam nos meus pais a esperança que tudo voltasse à normalidade, a frase dita pelos dois homens precipitou a nossa partida porque depois do que ouviu, a minha mãe ficou louca e quando chegamos a casa, começou a dar e a vender tudo, móveis, loiças e até os vasos do quintal. À noite, quando o meu pai voltou para jantar já não tínhamos metade das coisas. Eu não queria acreditar que aquilo era definitivo mas as lágrimas da minha mãe e o ar preocupado do meu pai diziam-me que não havia nada a fazer. Mesmo assim recusei-me a desistir e talvez por isso saí de Luanda com o meu pequeno porta-moedas de palha entrelaçada, com o dinheiro que estava lá dentro com as chaves de casa e com um sonho "voltar",guardo as três coisas e o sonho, até hoje com muito carinho. Saí de Luanda no Paquete Infante D. Henrique no dia 20 de Janeiro, conforme o barco se afastava do cais e Luanda ia ficando cada vez mais pequena o meu coração ia ficando tão pequeno quanto a imagem da minha cidade, olhei para a minha mãe que chorava e tive vontade de ser mágica, conseguir parar o barco, pegar na mão da minha mãe para juntas voltarmos para junto do meu pai que tinha ficado no cais. Naquele dia perdi até o meu gato que não podia viajar num porão de um barco durante oito dias com imensos cães a ladrarem por isso com muito amor despedi-me dele e dei-o antes de partir para não cometer a maldade de o trazer, só por egoísmo. No dia 28 de Janeiro de 1975 cheguei à Metrópole, um outro Portugal, o tal que era Continental. À chegada ao porto de Lisboa tinha vestida uma camisola de gola alta roxa que a minha mãe tinha comprado numa loja do meu bairro antes da viagem, não me lembro dos sapatos, nem se tinha saia ou calças, lembro-me apenas da camisola e de ter tentado calçar umas meias, compradas na mesma loja mas que se desfizeram totalmente, talvez já estivessem a apanhar calor na loja há muitos anos, afinal em Luanda, meias era coisa que não se usava. No cais havia muita gente com cartazes e as pessoas no barco ficaram com algum receio de serem maltratadas mas depois de o barco atracar, apesar dos receios, que afinal não eram totalmente infundados, descemos as escadas em direcção a um novo mundo totalmente desconhecido para mim e que para dizer a verdade eu não estava muito interessada em conhecer. De repente encontrei um homem e uma mulher que diziam serem meus tios, vestidos de uma forma um pouco estranha pareciam agentes secretos de um filme qualquer dos que eu estava habituada a ver nos cinemas S. João, Império, Miramar ou Restauração, ela de casaco comprido e ele de sobretudo. Enquanto falavam para mim, com vozes educadamente falsas que me soavam estranhas eu não conseguia pensar neles como tios porque a forma amavelmente fria com que eles nos olhavam, fazia com que eu não conseguisse sentir por eles o que sempre senti pela minha tia, que também vivia em Luanda e que sempre olhou para mim com amor. Apareceram mais duas tias e um tio e a sensação foi a mesma, aquela gente toda não era importante para mim, tinha saudades do meu gato, queria os meus amigos, faltava-me o meu sol e já não sabia onde era a minha casa. Nesse momento caía uma chuva miudinha como se o céu chorasse de mansinho as minhas lágrimas engolidas desde que partira de Luanda, senti frio no corpo e no coração, Nessa noite deitei-me numa cama fria, perto de uma janela onde durante meses só conseguia ver um céu cinzento e fios dos eléctricos. Nunca esquecerei essa noite nem os dias seguintes porque ainda hoje sinto a dor pela forma como fomos tratados e recebidos aqui, tanto por governantes como até pela própria família, nessa altura não havia terapias nem psicólogos para nos acompanharem, já era uma sorte haver uma casa e dinheiro para comer mas durante muitos anos e apesar de a zona onde moro ser há muito tempo o meu lar, sempre senti a falta do que perdi, até que um dia encontrei um lugar virtual chamado Sanzalangola e foi lá, com pessoas que viveram o mesmo que eu vivi, que aos 46 anos encontrei finalmente a terapia que me faltava e foi nesse lugar virtual que fui buscar as raízes que tinha perdido aos 15 anos numa partida imprevista e numa chegada indesejada.

sábado, 1 de março de 2008

Baía Azul

1960
1962 com a minha mãe

2006 com a minha princesa
1989
 1973
1997
1984
1993


1960
As minhas praias...os meus mares em várias épocas da minha vida


Se Iemanjá existe, conhece de certeza a Baía Azul, deve até ter uma casa de férias por lá.
E se existe o paraíso deve ser muito parecido com aquele lugar. A força da mente tem poder mas a força das recordações consegue fazer milagres porque se fechar, os olhos consigo chegar lá rapidamente e logo vejo caranguejos a correr na praia, sinto quitetas debaixo dos pés, vejo peixes dentro de água, sinto o sol na pele. o solzito bom e o murmúrio da praia fazem-me esquecer a civilização, a luta diária, a maldade. Aqui no paraíso consigo tocar no amor. Azul é a cor do céu, azul é a cor da Baía. Olhei para o poderoso azul e sentei-me na areia, de pernas cruzadas, olhei encantada para a água que me fazia carícias nos pés e que em seguida, brincalhona, se afastava, pequenas conchas entravam na brincadeira e rolavam felizes num vai e vem constante. O sol espreitou e não resistiu, mandou alguns raios para dentro de água e sorria feliz enquanto mostrava o seu brilho, saltitando e beijando tudo e todos. Ouvi passos, voltei-me e vi olhos que sorriam, levantei-me feliz porque tinham chegado ao paraíso algumas celebridades da praia, as conchas, a alforreca, a estrela do mar e o caranguejo. Meti conversa com os recém-chegados “Conchinhas estão boas?”“ Sr. Caranguejo, como vai a família?”“D. Alforreca está um bocadinho gorda, tem que fazer dieta!”“Menina Estrela-do-mar, que bem lhe fica esse biquíni.”
Eles não responderam mas eu sei que ouviram e assim ficámos em harmonia e paz em cima da areia macia e quente beijada pela água transparente enfeitada com bolhinhas coloridas. A hora de partir chegou e com ela, o fim da conversa com a onda, o fim do beijo do sol, o fim do toque macio da areia morna o fim deste mar e de outros que vivem em mim mas como o mar não tem fim, neste momento o meu mar é o de Cascais que representa todas as praias que me deixaram saudades desde a Ilha ao Mussulo, desde a Corimba à Baía Azul, desde o Morro dos Veados ao km 34.


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

A professora doente, o mercado indígena, a negra da lata, o musseque e a cubata da Joana



A professora do último tempo tinha faltado porque estava doente por isso, saí das aulas uma hora mais cedo. Estava calor, um calor húmido que me colava a bata às costas e ao peito mas mesmo assim resolvi ir a pé para casa. Com a cara levemente corada, pela ideia da aventura e com a pasta da escola ao ombro atravessei a rua e comecei a percorrer o longo caminho, lentamente saboreando cada momento. À minha frente caminhava um grupo de raparigas do meu liceu que riam até das moscas que viam passar, sem querer acabei por rir do riso delas. Quando passei perto do “Jumbo” o enorme e único supermercado que me fascinava porque vendia tudo, lembrei-me dos soutiens lindos de morrer que tinha visto lá dentro na semana anterior, tinham alças cruzadas e eram de várias cores, já tinha decidido que ia comprar um amarelo mas naquele momento não tinha dinheiro suficiente para a compra, por isso não entrei, continuei o meu caminho e depressa cheguei ao mercado indígena que apesar de estar quase vazio de compradores ainda era um mundo de confusão de galinhas, quiabos em montinhos em grande equilíbrio em cima da bancada, bananas pequenas em grandes cachos, sacos de fuba, peixe seco e milhares de moscas. O som cantante do quimbundo misturado com português embalou-me até ao fim do mercado onde estava o que eu procurava. De cócoras estava uma velha negra de panos, ao seu lado direito, em cima de uma fogueira fumegava uma lata que em tempos tivera azeite e que por tantas vezes ser usada estava preta, pousada no chão, à sua frente tinha uma caixa de madeira onde cuidadosamente e de uma forma quase requintada estavam colocados pequenos pedaços de papel vegetal onde ela deitava um preparado de açúcar em caramelo com ginguba, uma receita deliciosamente tentadora, tão tentadora que a lata preta era apenas um pormenor insignificante. Comprei duas doses e fui embora bem devagar enquanto me regalava com aquele banquete ao mesmo tempo que ia pisando a terra macia do musseque levantando com os pés aquela poeira vermelha que enfeitava o ar e depois caia suavemente em cima do capim e das mandioqueiras ou salpicava as cacimbas como canela num bolo. Atravessei o musseque e só parei em frente à cubata da Joana para beber água. A Joana tinha sido em tempos nossa lavadeira e gostava muito de mim porque eu adorava falar com ela. Quando passava perto da cubata dela, convidava-me sempre para entrar e eu entrava sempre sem me fazer rogada. Gostava da cubata dela de chão de terra batida, tão batida que se podia varrer, de paredes de canas forradas a barro seco, tão seco como tijolo. A cubata era fresca e não sei porquê agradava-me olhar para as cortinas que me faziam lembrar vestidos coloridos pendurados nas paredes. Bebi água despedi-me da Joana e dos filhos e parti para a última etapa da minha aventura, entrei na rua principal do Bairro Popular, e num instante cheguei ao largo o imbondeiro, onde parei para descansar porque a minha mãe não podia descobrir que tinha vindo aquele caminho todo a pé sozinha, eu só podia fazer isso. quando não tinha as aulas todas mas não queria ser apanhada. Enfrentei o resto da rua até ao Sarmento Rodrigues com ar inocente e o coração empenhado em repetir tudo de novo, se a professora continuasse doente.


Foram semeados, naquela terra vermelha, sonhos que ainda sonham, sonhos que ficaram de asas cortadas  mas que ainda são sonhos vivos.










segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Continuação da História sem fim...

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Quando o sol beija a lua antes de ir dormir.

Quando a lua namora o sol, antes de ele partir (pintados por mim)


Pensavam que estavam livres dela??? :) mas não estão, aqui vai mais uma dose.



No palácio estava tudo tranquilo, as formiguinhas seguiam no seu carreiro de volta ao formigueiro, a cigarra vestia a camisola de gola alta para ir jantar a casa da formiga Rabiga, a libelinha Beijo, pintada de azul fazia belas piruetas, os três porquinhos, deitados na despensa, ressonavam que nem porcos deitados na lama, o Lobo Mau fazia várias tentativas para escrever uma carta ao Pai Natal, o Dragão sonhava com a Internet (ela achava que a “net” devia ser uma brasa porque toda a gente falava dela…), os príncipes sentados na lua (quarto crescente) que ficava mesmo ao lado da varanda mais alta do palácio, davam aos pés, suspiravam e encolhiam os ombros enquanto sorriam com ar tímido. A fada madrinha há horas que estava a fazer ovos estrelados para estrelar o céu durante a noite, (era uma grande trabalheira mas ela não podia recusar o part-time que a chefe das fadas lhe tinha arranjado para voltar a encher o mealheiro que tinha levado um grande rombo com o dinheiro que tinha gasto na viagem à Patagónia com o Pai Natal pois logo por azar, as renas nesse dia, estavam cheias de reumático e não os puderam levar. Só o cozinheiro do palácio, Januário Janota, dono do bigode mais farfalhudo e encaracolado do palácio (mas que nesse momento estava mais espetado do que a cauda do dragão) parecia louco, de faca no ar desferindo golpes e mais golpes num inimigo imaginário (ou não...porque o ataque era dirigido ao 1º ministro que por sorte estava bem longe da cozinha, pois caso contrário ainda tinha acabado no tacho a imitar um coelho…). O pobre cozinheiro estava cansado e furioso com a crise, o caldo verde já não era verde, estava amarelo de tantas vezes ser cozido, as batatas já se tinham transformado em batata palha de tanto que ele as poupava, a carne de empadão continuava em greve e ele estava desconfiado que os ovos também tinham feito greve porque já há uns dias que não encontrava nem um ovo “Como é que vou fazer o jantar? Isto é muito grave! Se apanho o 1º papo-o…”gritava o cozinheiro enfurecido. De repente lembrou-se que o Lobo Mau queria ser vegetariano e resolveu arrasar com um jantar verde (cor maravilhosa mesmo em alturas más…), fazendo peixinhos da horta, acompanhados com brócolos , que estavam a enfeitar a jarra da cozinha…o bigode do cozinheiro voltou a encaracolar e apesar do alivio que sentia por ter terminado a ementa do jantar Januário Janota ainda resmungava contra o 1º ministro e ia dizendo entre dentes que na primeira oportunidade o apanhava e ainda o ia pôr a cantar “eu não sei o que me aconteceu…foi feitiço o que é que me deu…” ou então “andei barbado, sujo e descalço, como um monangamba(…)e perdido me deram no morro da Samba…”nem que tivesse que pedir ajuda às ajudantes das bruxas. E com um sorriso matreiro foi cortar o feijão verde para fazer os peixinhos da horta…


Continua…um dia destes…


domingo, 24 de fevereiro de 2008

O Jacinto

O Jacinto é o segundo da esquerda para a direita e eu sou a de calções azuis



O menino do carrinho de rolamentos , que ele construía com paciência, orgulho e amor.
O menino livre de sorriso traquina e olhos inteligentes, que descobriam as novidades rapidamente.
O menino que corria descalço pelo quintal quente como se fizesse uma travessia complicada no meio do mato.
O menino doce que era a minha companhia, quando os meus pais trabalhavam e que adormecia vezes sem conta no meu ombro.
O menino que me pregava “as maiores e mais complicadas petas” e ria divertido e feliz quando eu descobria que tinha sido enganada.
O menino que amuava com facilidade mas que depois me abraçava meigo, enquanto lhe contava
uma história acabada de inventar.
O menino que não morreu electrocutado na “geleira”porque tinha uns “chinelos de enfiar o dedo em borracha”, daqueles que se podiam comprar baratos em qualquer loja e que hoje são caros porque se chamam “havaianas”.
O menino que agora é um homem, cinco ou seis anos mais novo do que eu mas que ainda é e sempre será o meu menino...


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Uma praia




Hoje não vou escrever, deixo apenas um quadro que pintei (não está completo porque a máquina fotográfica não passou para o computador, então resolvi digitalizar, quando a máquina funcionar de novo, ofereço o quandro inteiro com sol e tudo:), por hoje fica assim com um beijo para todos os que me visitam neste espaço.