quarta-feira, 14 de maio de 2008

Contos era uma vez...


Contos era uma vez…
Homenagem à minha filha Rita, pois foi para adoçar e embalar as suas noites, que estes personagens foram inventados, quando ela tinha apenas dois ou três anos. Nessa época, e durante muitos anos, todas as noites lhe contava uma aventura que inventava durante o dia para contar à noite. Vários personagens e lugares povoaram as suas noites deixando um sorriso lindo no rostinho e nos olhos um brilho de felicidade já misturado com o sono que chegava. Infelizmente não as escrevi e por esse motivo não as guardei, vou tentar escrever de novo, misturando coisas novas com outras que ainda me lembro. Pode ser que um dia as conte aos meus netos.


Na cidade de Luanda, vivia um ratinho que se chamava Tapa Buracos, ele tinha um primo que vivia no mato, perto de uma pequena povoação, o seu nome era Faz Buracos. O Faz Buracos e o Tapa Buracos não se conheciam e tinham vidas completamente diferentes. Enquanto o Faz Buracos nunca estava quieto, ele adorava fazer buracos em qualquer sítio, no chão, na madeira, no plástico e até no queijo, o primo Tapa Buracos tinha uma vida mais calma, detestava buracos e sempre que via algum, sem pensar duas vezes tapava-o logo. Claro que existem buracos que devem continuar a ser buracos e existem sítios e coisas onde um buraco pode ser um perigo enorme. Um dia a mãe do Tapa Buracos convidou o sobrinho para passar umas férias na cidade porque, o sonho do Faz Buracos era conhecer Luanda, um lugar enorme onde ele podia fazer muitos buracos. A mãe do Tapa Buracos achava que a convívio com o Faz Buracos ia fazer bem ao filho, ela tinha a certeza que na brincadeira com o primo o filho se ia esquecer da mania de tapar todos os buracos que via, já a mãe do Faz Buracos pensava a mesma coisa que a irmã mas ao contrário, ela desejava que o filho parasse com a mania de fazer buracos em qualquer lugar.
No dia da partida, o Faz Buracos despediu-se dos amigos Galo Galileu e Galinha Quentinha que diziam adeus mais felizes do que porcos deitados na lama pois durante uns dias podiam estar descansados que o milho não iria cair a toda a hora dentro de buracos feitos a alta velocidade por um rato que queria ser toupeira. O Faz buracos deu um beijo aos pais, entrou na camioneta, disse adeus com um lenço cheio de buracos e partiu em direcção à cidade. Durante toda a viagem fez buracos no chão da camioneta e o perigo que correu foi tal que ao tentar subir para um banco onde ia tentar fazer um super lindo buraco, escorregou e quase caiu na estrada, pelo buraco gigante que tinha feito entre a povoação do Quitexe e a do Quibaxe. Um pouco assustado, ficou sentado durante o resto da viagem. Mas nem tudo foi mau porque viajou de pêlos ao vento chegando assim a Luanda com um penteado novo e ultra-moderno e os passageiros chegaram felizes porque aquela camioneta tinha um super sistema de ventilação o que tornou a viagem mais fresca e por isso mais agradável
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1 comentário:

Helder Ponte disse...

Nixa,

Welcome back!

É bom ver-te de volta a escrever no teu blog, especialmente histórias de contar às crianças, o teu tesouro. A Rita foi decerto uma criança com muita sorte em ter uma Mamã com tanto talento para criar e contar histórias maravilhosas.

Tu tens um dom especial de saber abrir e enriquecer a mente de uma criança com histórias fascinantes e fantásticas, contudo com caracteres familiares e imediatos. Na história de hoje os amigos são o Faz Buracos e o Tapa Buracos, o Galo Galileu e a Galinha Quentinha, e são as povoações de Quitexe e Quibaxe, de uma terra terra mística e longínqua, mas tão familiar à Mamã que lá cresceu e que lá se fez a bela pessoa que é.

O universo que crias nas tuas histórias é mágico, mas também é real, pois é tão possível e evidente. É mesmo uma delícia ler o que escreves.

Ao ler as tuas histórias vem-me à memória as noites sem número em que lia histórias ao meu filho Marco (fi-lo durante mais de 8 anos), até ele adormecer nos sonhos que a história da noite o embalava...

Continua, kida Amiga; o mundo é a tua plateia.

Um Abraço à nossa Rapunzel,

Helder