segunda-feira, 28 de abril de 2008

Crise negra da vida


24 de Abril de 2008



No meio do barulho da televisão com o som muito alto e do barulho dos clientes que conversavam alegremente, sentei-me sozinha no café. Mal me sentei os meus problemas atacaram com força, ocupando teimosamente os meus pensamentos como se fossem donos e senhores daquele pequeno território. Por instanstes, deixei de ouvir o que se passava dentro do café e acabei perdida no meio de um turbilhão de pensamentos idiotas e de ideias luminosas que na minha opinião, poderiam resolver brilhantemente uma crise negra da vida instalada no meu colo, a mais recente de tantas outras crises negras já passadas. Sentada numa mesa, perto de uma porta castanha fechada, olhei distraída para a rua, pelos vidros retangulares da porta. Lá fora o sol ainda brilhava intensamente, olhando para ele as minhas ideias luminosas foram abandonando a minha cabeça e fiquei ali, quieta com a crise negra ao colo, a olhar o movimento mágico da rua. Os carros andavam uns atrás dos outros muito certinhos como se estivessem todos amarrados por um fio ou como se algum íman os puxasse. Uns iam para lá, outros vinham para cá, uns passavam por baixo e outros passavam por cima. Todos eles levavam gente, alguns com crises negras da vida como a minha, outros com momentos felizes mas dentro dos carros pareciam apenas bonecos, sem vontade própria, sem alegrias sem problemas e até sem sentimentos. Do outro lado da estrada, descobri um jovem com cerca de 16 anos, esse sim parecia ter um problema, com tantos carros que passavam e sem uma passadeira por perto ele não conseguia atravessar a rua. O jovem parecia ansioso e andava quase desesperado de um lado para o outro do passeio à espera de um "furo" no trânsito. O sol batia na sua t'shirt laranja e parecia querer atravessar a rua com ele. Finalmente os carros foram puxados por outro íman, para outras ruas e deixaram livre a rua enorme, como se fosse uma passadeira gigante. Com um sorriso enorme o jovem desceu do passeio e correu na direcção da porta castanha do café. Só nessa altura reparei numa jovem de cabelo dourado que se colou à t'shirt laranja e ao sol que vinha com o dono da t'shirt. Um beijo inocente foi dado e presenciado por mim, pela porta castanha fechada e pelo sol. Mentalmente agradeci aos jovens, à t'shirt, à porta e ao sol que me fizeram sorrir, empurrando a crise negra para fora dos meus pensamentos por uns bons minutos.

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