sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Um amigo




Hoje vou contar uma historia de alguém especial, alguém k muitas vezes namorou debaixo do meu Jueirinho(este era o nome do meu cajueiro), alguém que alguns beijos deu à amada namorada, protegido pelo seu forte tronco e que trocou vezes sem conta juras de eterno amor testemunhadas apenas por mim, uma jovem adolescente e pela minha querida e abençoada árvore. Falo do Nelo Rigor um jovem do Calulo em Angola que vivia no Bairro Popular na cidade de Luanda, de quem eu tenho o privilégio de ser amiga e que deixou até hoje boas recordações no meu coração. O Nelito era um doce de rapaz, era o namorado perfeito, o apaixonado mais bonito do bairro lembro-me de achar, nessa época que quando tivesse um namorado queria que fosse igual ao Nelo, pois ele era um achado, simpático, elegante, alegre, carinhoso um verdadeiro galã. Nessa época, havia um concurso nos bailes do clube do Bairro Sarmento Rodrigues em que os rapazes para dançarem com uma rapariga tinham que ter umas senhas, previamente compradas e que serviam para disputarem entre si as raparigas mais giras ou mais requisitadas do baile durante duas ou três danças por domingo. Ao fim de algumas semanas ganhava o concurso a rapariga que tivesse mais senhas. Claro que normalmente quem namorava não concorria para os rapazes não lhe pedirem para trocar de par com uma senha, pois os namorados não iam nessa conversa mas o Nelo era um namorado diferente, ele comprava senhas e disputava a sua amada com outros rapazes durante essas danças, dando assim à namorada a oportunidade de concorrer e mostrando dessa forma o quanto gostava dela. Infelizmente este belo namoro, por motivos que não vou referir agora não teve um final feliz como eu desejava. Tempos mais tarde o Nelito sofreu um grande acidente de viação que lhe deixou marcas graves no corpo e que modificaram a sua vida para sempre mas apesar do que aconteceu ele continua até hoje o mesmo Nelito, amigo, doce e bem-disposto que eu conheci. Não vejo o Nelo Rigor desde 1975 mas quando falo com ele ao telefone parece que o vi passar na minha rua horas antes sinto nessas duas ou três conversas anuais, o quanto ele é meu amigo passados todos estes anos e o quanto eu gosto dele e já que ele não teve o merecido diploma de “O bom namorado” escrevo eu aqui o diploma de “Coragem e amizade”.


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