segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Conversando com as amigas

Tu Luzinha, minha amiga de Luanda, vizinha, confidente, companheira e irmã. Foi contigo que eu ri, foi contigo ao lado que conquistei alguns rapazinhos desprevenidos ou mostrei indiferença a outros, foi contigo que fiz algumas maluquices como ficar trancada no elevador do prédio alto em frente à escola porque a porteira nos viu passar e decidiu que parar o elevador no 8º andar era um belo castigo,
Foi na tua companhia que andei de mini Honda por todas as ruas do bairro rindo de tudo e de nada e foi, com saudades tuas que chorei amargamente, quando descobri que o Porto não ficava do outro lado da minha rua em Lisboa. Lembras-te amiga, das longas cartas que tínhamos que escrever para contarmos uma à outra tudo o que se passava? Essas cartas ocupam hoje em minha casa um saco de viagem. Lembras-te das dificuldades que os nossos pais passavam devido à falta de emprego? Lembras-te das saudades que sentíamos dos amigos, das nossas casas tão perto uma da outra, do nosso bairro e da nossa Luanda? Lembras-te como mesmo longe partilhávamos 100 ou 200 escudos que algum familiar nos oferecia? Lembras-te de como esse dinheiro servia para comprarmos selos que dividíamos pelas duas? Por tudo isso ainda hoje somos amigas, estás e estarás sempre no meu coração e serás sempre a minha “mana” que eu amo. Obrigada Luísa pela tua amizade.
E tu Zezinha? Minha amiga de muitos anos, também tu m fizeste rir muitas vezes e foi no teu ombro que chorei tristemente alguns dos meus problemas. Acho que foi contigo que eu casei porque estamos juntas todos os dias 8 horas por dia desde Janeiro de 1981 fizemos já as bodas de prata. Também já passamos por algumas dificuldades juntas e estamos sempre dispostas a partilhar, problemas e alegrias o muito e o pouco.
Quero dizer-te que te considero uma pessoa especial agradeço-te todo o carinho e amor que me deste ao longo destes anos de amizade, agradeço-te principalmente, o amor que tens pela minha princesa, esse amor que a ajudou tantas vezes a sentir-se mais forte e menos rejeitada quando outras pessoas lhe mostravam menos amor e falta de atenção. Obrigada pela paciência que tens para me aturar, és a minha amiga do coração que eu amo muito.
Um beijo grande às duas amigas da minha vida, mulheres fortes, lindas, corajosas e que enfrentam as dificuldades sempre com um sorriso



1 comentário:

Helder Ponte disse...

Nixa,

Não pude deixar de me comover um pouco ao ler este teu texto tão belo.

Na verdade, os nossos amigos e a família são os que nos acompanham de perto nesta viagem terrena, e que no caminho nos dão o amor e a amizade que precisamos para que a viagem seja agradável e feliz.

Comovi-me ao ler-te, pois pensei que ao longo de toda a minha vida de adulto vivi sem a companhia chegada dos meus preciosos amigos dos tempos de juventude, dos amigos que me fizeram (e fazem) amar tanto Angola.

Em certa medida, vivi estes anos todos só (às vezes sentindo-me terrivelmente só) num país frio e estrangeiro, sem a felicidade de partilhar memórias ou momentos preciosos com aqueles que comigo cresceram.

É certo que fiz amizades duradouras com amigos Canadianos, mas eles não vão "tanto atrás" como os momentos felizes da nossa juventude, das nossas tontices, das nossas makas, dos nossos amores, e das nossas tristezas. Tenho agora amigos aqui no Canadá que são tudo para mim, e dos quais não sei como havia de sobreviver sem a sua amizade; mas é dos amigos mais antigos que sinto a saudade mais profunda e triste, que me fazem sentir a vida mais vazia.

Contudo, foi também com uma saudade profunda e triste que ao ler-te, visitei em memória os meus amigos da Maianga, do Liceu, dos CVA, da Universidade, da tropa e de outros círculos, e me lembrei também do meu querido irmão Rui que há uns anos anos deixou, mas que foi sempre um bom irmão para mim, e que ainda hoje me mostra o caminho. Ao lembrar-me da cara de cada um deles, sorri; ao lembrar-me da sua amizade, fiquei triste.

Sinto-me feliz por teres a companhia da tua irmã Luzinha e da tua amiga Zézita que te acompanham nos tempos bons e menos bons, que através da sua amizade te trazem felicidade.

Adorei ler-te, querida amiga. Keep up with the good writing!

Do padrinho amigo,

Helder