terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O meu pai

O que escrevi hoje sobre o meu pai é dedicado ao meu padrinho com um beijo enorme


Escrita em 29/01/2008

O meu pai, foi vítima de poliomielite aos dois anos e deixou de andar quando mal tinha começado a dar os primeiros passos para a vida mas mesmo assim isso não o impediu de ser um verdadeiro diabrete. Viveu praticamente no hospital até aos onze anos mas durante o tempo que passava em casa entre uma operação e outra, tanto era capaz de fazer um jardim na sala de jantar deitando para o chão toda a terra dos vasos e espetando a plantas partidas na terra, como era capaz de fazer coisas bem piores como aos três anos enfiar a pilinha no buraco do banco da cozinha, obrigando a minha avó a correr para o hospital com ele e com o banco ao colo. Até aos onze anos fez muitos disparates e malandrices tanto em casa como no hospital e durante esse tempo foi submetido a nove operações, talvez por isso até hoje não pode ouvir falar em hospitais. Sofreu bastante porque o gesso que lhe punham nas pernas, criava bichos e a comichão era terrível mas conseguiu voltar a andar apesar de o fazer com algumas limitações pois ficou com 65% de deficiência e por esse motivo não podia correr, pular ou até fazer coisas simples como andar de bicicleta mas fazia uma coisa que até hoje acho lindo recordar, o meu pai dançava com a minha mãe e sinceramente acho que não era fácil nem para um nem para outro mas era bonito de ver, eu gostava tanto que aprendi a dançar com ele.  O meu paizinho era dono de uma inteligência acima da média e compensou o facto de andar mal com uma simpatia fora do vulgar, brincalhão por natureza era um bom conversador, adorava falar e todos gostavam de conversar com ele, fazia amizades com facilidade e não era muito difícil ver jovens sentarem-se com ele na mesa do café para darem um pouquinho à língua, tanto podia ser sobre a escola, como sobre amores, como sobre desentendimentos com os pais ou até sobre actualidades. Mas a vida não é justa e há uns anos o meu pai teve um AVC. Olhando para estas três letras que parecem inofensivas”AVC”, não parece possível ver quem amamos perder algumas capacidades por causa de três letras que afinal são terríveis, pois querem dizer acidente vascular cerebral. Aconteceu e o meu pai deixou de falar há sete anos, tenho saudades de o ouvir cantar para a minha mãe, tenho saudades das piadas que ele contava, tenho saudades dos conselhos que ele me dava mas tenho o meu pai lindo que apesar de tudo consegue, rir de um disparate ou de uma anedota e consegue sorrir com brilho nos olhos quando olha para mim, quando olha para a minha filha ou quando simplesmente em jeito de mimo estica o pescoço para dar um beijo à minha mãe.



Escrita em O9/O2/2006

Pai, hoje fazes 77 anos e neste dia especial, esta carta de amor é para ti.

Queria escrever-te coisas bonitas...mas não sei como começar.
Queria dizer-te o orgulho que sinto por seres meu pai...mas nunca conseguirei dizer quanto.
Queria agradecer-te por nunca me teres ralhado ou batido, por sempre me teres entendido e por tudo o que me deste...mas nunca vou agradecer o suficiente.
Queria falar-te da beleza e doçura que a idade deu ao brilho aos teus olhos…mas nunca serei capaz de pintar esse brilho com palavras.
Queria contar-te o quanto me soube bem o abraço que me deste hoje...mas nunca encontrarei as palavras certas
Afinal, paizinho, quero apenas dizer que te amo e dar-te um beijo de parabéns no dia do teu aniversário


Nixa




1 comentário:

Letinha disse...

Nixa

Que Deus te conserve o teu pai junto de ti...mesmo com as limitações que falaste!
Mas só o sabermos que ele está ali...já vale!

O meu deciciu "partir" quando perdeu um dos dois amores da sua vida: a minha mãe!
Deixou o outro amor, eu, sem a sua companhia.
Sim! Companhia! Pois a presença "sinto-a" por onde ande!

Jinhos ao teu pai por te ter feito feliz!

Letinha