sábado, 10 de abril de 2010

Uma janela entre a paisagem rural e a paisagem urbana...entre o medo e a fé

Há uns minutos, ouvi a minha vizinha de quarto chorar. Ela é de Moscovo e não sabe falar português, eu não sei falar russo mas mesmo assim, aproximei-me da cama dela, sentei-me na beirinha, peguei-lhe na mão e fiz uma oração por ela e por mim, talvez por estarmos unidas na dor e na fé, chorámos juntas. A pouco e pouco ela acalmou-se, quando acabei a oração agradeceu-me e eu senti-me bem mais calma. Voltei à minha cama peguei no bloco, na caneta e vim para a janela, encostei-me ao vidro e chorei as últimas lágrimas desta série. Digo desta série porque talvez venha a ter outras séries e talvez chore outras lágrimas de medo mas desta vez ganhei à tristeza que habitou em mim alguns dias. Desta janela do hospital, vejo que tenho pela frente mais obstáculos do que eu imaginava ter há três dias atrás mas vejo também raios de sol que batem em pequenas casas, de diferentes amarelos transformando-as em pontos luminosos na paisagem. Desta janela, descubro como é difícil lutar contra o que não se vê, ao mesmo tempo vejo os pinheiros aqui perto, um velho moinho logo ao lado e ao longe vejo o meu mar abraçado ao céu. Agora sim, as dúvidas vão embora fica apenas a fé que o coração sente e a beleza que os olhos agradecem.

31/03/2010

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