segunda-feira, 12 de abril de 2010

cowboys e gringos

Como era divertido ir ao cinema ao domingo à tarde, comer batatas fritas, rir e beber coca cola mas como não há bela sem" se não" também aqui havia um sério "se não".Eu tinha medo, medo e mais medo quando a noite chegava, é que para mim, ver morrer indios e cowboys no filme, dava direito a uma noite sem dormir. Irritada a minha mãe proferia ameaças terríveis para o domingo seguinte, acabando invariavelmente a perguntar porque motivo não ia eu ao baile do clube do bairro em vez de ir gastar dinheiro no cinema e depois não dormir sossegada. Um domingo para grande alegria da minha mãe resolvi ir ao clube. Estava eu sentadinha na cadeira quando vejo à minha frente um rapaz a fazer sinal para dançar, olhei para os lados e pasmada, confirmei que os sinais eram para mim. Meia atordoada, levantei-me para entrar no mundo que até àquele momento pertencia apenas às raparigas mais velhas. Dancei toda a tarde e diverti-me imenso. Entusiasmada, cheguei a casa e contei tudo à minha mãe, acabei a reportagem da tarde dizendo que voltaria ao clube no domingo seguinte. Para mal dos meus pecados a "D.Neta"não achou graça ao facto de ter uma filha a dançar no baile com um "gringo" qualquer e nessa noite quem dormiu mal foi ela e não eu. No domingo seguinte quando eu me preparava para ir dar ao pé, a minha mãe veio com dinheiro na mão e disse para eu ir ao cinema, quando eu barafustei e disse que não queria ir ela respondeu apenas "Mas quero eu!"

02/04/2010

1 comentário:

Jose Manuel Martins disse...

As nossas mães sempre nos deram protecção! Sem elas e o seu olhar vigilante teríamos caído mais vezes,tropeçando nos escolhos que a inocência não vê. Elas estiveram doentes quando nós simplesmente perdíamos o apetite, acordaram quando nós, em sono profundo, barulhávamos em sonho as brinc adeiras do dia anterior,ensinaram-nos o que sabiam e o que tiveram que aprender para nos abrir os olhos... Ah! As nossas mães que não nos queriam nos braços duns (dumas) quaisquer, antes nos prefiriam ver «mortos» com o estampido das pistolas na tela...
A tua, Nixa, podia ser minha, a mãe que está de olho para me sentur seguro!
Sabemos agora que um (a) filho (a) é tão parte de nós que preferímos sofrer a que ele (a) sofra. A minha mãe queria morrer por mim (a tua por ti) para me (te) proteger.
Gostei da protecção da tua mãe. Olha,Nixa,faz-te forte,resiste, porque ainda tens de fazer de anjo da guarda (protectora)de quem quer estar (e precisa, um filho precisa sempre...) sob as tuas asas...