quarta-feira, 12 de maio de 2010

O mundo é baixinho IV




"Nenuca e seus amores :)"







Continuação

VIII

Se eu dormisse numa cama, nessa manhã tinha caído da cama abaixo, acordei com uma comichão louca porque uma"multidão" de formigas decidiu subir pelo lado direito do meu tronco (o lado direito de quem está virado para o quintal da Nixa) e descer pelo lado esquerdo. Fiquei desesperado com a horrível sensação provocada pelos milhares de patas que passeavam em cima de mim, eu um cajueiro culto, prestes a escrever um livro de memórias e frases inteligentes a ser atacado por uma "manada" de formigas ralhei, dei aos ramos mas apesar das minhas reclamações e ameaças elas não mudaram de caminho e passaram todas por cima de mim, nesse momento devia ter calculado logo que o dia não ia correr bem mas só conseguia pensar que a Nixa tinha prometido escrever até se cansar, assim que acordasse, por isso esperei impaciente que o dia começasse para os meus vizinhos, principalmente para a Nixa, que era quem eu mais queria ver acordada, o que só aconteceu um pouco mais tarde do que o normal porque era sábado e ela ficou mais um bocadinho na cama, ao contrário de mim que por causa daquele "bando" maluco de formigas rabigas tinha acordado bem mais cedo do que devia. Mais tarde a Nixa apareceu para cumprir o prometido, chegou de lápis e caderno na mão, sentou-se no baloiço e disse ao mesmo tempo que levantava a cabeça onde um rabo-de-cavalo se abanava, "-Jueirinho, já estou aqui, podes começar, mas não dites palavras muito difíceis porque não gosto de escrever com erros" Ia eu começar a abrir a boca quando o céu estalou, assustada a Nixa levantou-se, alguém acendeu as luzes no ar porque apareceu um clarão enorme que até me fez suster a seiva. Todos os vizinhos saíram de casa ao mesmo tempo, a mãe da Nixa passou a correr pegou nela e foi para o outro lado da rua, onde todos se juntaram debaixo do telheiro da D. Maria e do Sr. Tomé enquanto a água de mais de mil copos iguais ao da Nixa começava a cair sem parar. Apesar de saber que se molhava e mesmo com a mãe a chamar por ela, a minha amiga ainda voltou ao pé de mim e disse " - Não tenhas medo Jueirinho, eu estou aqui ao lado, tenta ficar quietinho" depois voltou a correr para debaixo do telheiro enquanto eu ficava a resmungar " - Como se eu me conseguisse mexer. Não deve estar boa da tola a miúda, se eu conseguisse sair daqui já estava ao tempo sentado no colo dela" Durante alguns minutos julguei que nada iria ser como dantes e que aquele barulho tinha vindo para ficar, debaixo do telheiro todos estremeciam com o "ranger" do céu depois encolhiam-se com os clarões das lâmpadas gigantes que acendiam lá em cima. Com a velocidade com que tudo começou, também terminou, a pouco e pouco os vizinhos foram saindo debaixo do telheiro e ficaram a olhar para a rua que depois de tantos copos de água que foram atirados do céu, parecia um rio. Vi que todos olhavam para o lado direito (mais uma vez de quem está virado para o quintal da Nixa) primeiro ficaram de boca aberta e depois começaram a rir com gosto, olhei também e só não me ri porque ainda estava dormente de medo, em cima de um colchão de praia e de fato de banho, vinha o vizinho Garrido todo divertido como se estivesse no mar. As crianças saltaram todas para dentro de água e fizeram uma festa com tanta brincadeira e tantas gargalhadas até eu me esqueci do medo que tivera e só mais tarde é que me lembrei que mais uma vez as minhas memórias tinham ficado para depois.


Continua...



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