domingo, 28 de março de 2010

Chita e sonhos

Ontem queria apenas, crescer, viver, ser feliz.
Guardava em mim mil pedaços de sonhos e fé,
conhecia todos os cantos e recantos do meu mundo,
um vestido de chita dava vida ao meu cabide,
uma fogueira de sol morava no meu coração.


Hoje, finjo que não fico assustada com o presente.
Tenho presos a mim momentos que quero viver,
acredito que os meus medos são novos sonhos,
tenho a certeza que a calma da noite me protege,
sei que sou abraçada pela luz do dia, ao despertar.


Amanhã, inesperadamente, tudo terá mudado de novo.
Chegarei onde chega quem quer conquistar sem medo,
vou emergir num futuro que eu sei que será imperfeito,
resgatarei o meu antigo e alegre vestido de chita,
conhecerei de novo todos os cantos do meu mundo.

terça-feira, 23 de março de 2010

Chegou a Primavera...e a praia



Depois de uma longa separação juntei-me de novo à areia da praia, senti nos pés o prazer da água do mar, que me disse "olá...tive saudades das tuas visitas" agradeci a Deus aquele momento de sol, areia e mar.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Piroga

Na cubata, sem perder tempo e sem pedir licença, de mansinho a claridade da manhã, começou a entrar. Deitada numa das esteiras, Joana abriu os olhos brilhantes em forma de amendoas e sorriu com ar sonhador. De um salto, enfeitou o corpo jovem e esbelto com um pano cor de laranja, colocou à volta da cabeça um lenço com flores coloridas e correu para fora da cubata, deixando todos a dormir tranquilamente. Feliz, caminhou um pouco pela margem do rio que passava perto da aldeia. O rio, a cor dos panos, a pele negra e os suaves tons da manhã davam ao conjunto um ar misterioso de pintura africana...
Olhando pensativa para as águas calmas que pareciam transportar um cintilante arco íris, Joana sentou-se, pegou num pau que estava no chão e começou a desenhar uma piroga na terra vermelha. Um barulho fez com que ela olhasse rapidamente para a sua esquerda, viu que era apenas um passarinho de penas brilhantes que procurava alimento, desiludida baixou a cabeça e continuou a desenhar sem deixar de estar atenta ao lado esquerdo do rio. De repente o seu coração disparou dentro do peito, sentiu o sangue subir às faces e só a muito custo conseguiu fazer um ar indiferente ao aparecimento de uma piroga vermelha que deslizava na água como se a kimbanda Zefa tivesse feito um feitiço forte para parecer que a piroga voava. Dentro dela estava Mingos, o rapaz mais bonito e forte da aldeia vizinha. Quando Mingos olhava para ela o seu corpo amolecia como a resina das árvores ao sol e quando ele falava parecia que tocava um merengue louco que dava vontade de dançar. Mingos passou em frente a Joana levantou a mão e disse bom dia, a jovem tremeu por dentro, disse adeus e nesse momento teve a certeza que Mingos era o doce da fruta madura das suas manhãs, era na sua vida o colorido das missangas dos seus fios, era o encanto de uma queimada, era o brilho das estrelas no céu. Na verdade era a esteira de Mingos que ela queria ter ao lado da sua todas as noites porque Mingos era...o seu sol.


dia 26 de Fevereiro de 2010

quarta-feira, 3 de março de 2010

resolvi voltar...


Dedicado ao meu padrinho que me incentivou a abrir este espacinho e que agora sem saber (com as suas visitas) me incentivou a voltar a rabiscar por aqui...



Dona do sol e do mar,
flutuei até ao cimo do sonho.
Sem medo, mergulhei bem fundo,
onde o sol, distraído com a vida, não vai
mas onde o amanhã que se levantou cedo,
já chegou com tentadores momentos...

Dona do céu e da terra
voei e saltitei nos caminhos cruzados.
Desafiando o mundo, chamei o passado
e com ele resnasci nos belos lugares,
onde a lua brinca às escondidas com o futuro,
e teima em mostrar mais um dia magico...